PODA DE FORMAÇÃO

Normalmente a poda de formação corresponde aos três primeiros anos da videira, salvo nas conduções altas do tipo da cruzeta ou cordão sobreposto, que pode levar 5 anos; dá-se por concluída no ano em que se deixam apenas unidades de frutificação de vara e talão.

Nesta região onde há comprimentos de cordão que atingem os 3,0 m, coexiste a poda de vara e talão com a de uma vara mais ou menos longa - guia - responsável pelo preenchimento gradual do espaço entre videiras.

Fase de vara vertical

Toda a poda de formação passa pela fase de 'vara vertical', vara única eleita das varas oriundas do garfo da enxertia, orientada na vertical e que consoante o vigor expresso e a altura do tronco pretendida, contém um número limitado de olhos.

Varia normalmente entre 4 a 6 olhos, que podem posicionar-se a um nível mais elevado do solo por supressão de alguns olhos basais, e para castas de entre-nós muito curtos (ex: Trajadura), podem-se cegar olhos alternadamente para ganhar altura.

fase de vara vertical

Esta fase sucede ao segundo ano após a plantação, quer de bacelos quer de enxertos-prontos. Nesta região, nas vinhas onde as alturas do tronco são elevadas (ramada, cruzeta, cordão sobreposto, cordão simples), a fase da vara vertical é muitas vezes prolongada por mais um ano, até se atingir o nível de entrada da(s) vara(s) no arame. Naturalmente que este aspeto tem também a ver com o vigor do material que lhe pode advir da fertilidade do solo e das regas.

Dada a dominância apical dos olhos, isto é, a maior afluência de seiva aos olhos terminais da vara orientada na vertical, a rebentação ocorre prioritariamente nesses olhos dando origem às varas mais vigorosas; este aspeto é muito importante, pois dos seus níveis de inserção se parte para a posterior formação dos cordões ou braços uma vez definida a altura de tronco.

 

 

Fase formação dos braços

O ano da formação dos braços é decididamente o mais importante, na medida em que várias particularidades técnicas se colocam em simultâneo.

1. devem ser escolhidas varas vigorosas e oriundas de olhos do lado contrário àquele para onde se dirigem, por uma razão de ordem física, dado que se deve proceder a uma empa (curvatura) no sentido contrário à tendência da mesma esgaçar. No caso de se tratar de um cordão duplo, com divisão do cordão em dois, estes devem 'cruzar-se' em sentidos opostos (a), garantindo mais estabilidade à videira e não desperdiçando tanto arame não preenchido com cordão (b).

2. por norma, não se deve eleger a vara do gomo terminal, mas sim do penúltimo gomo e que respeite a posição do gomo referida atrás; isto porque, o último meritalo (ou entre-nó) da vara vertical é normalmente mais fino e portanto não contém as mesmas reservas do que o anterior. Evita-se assim um 'ponto de fragilidade' entre a vara do ano anterior e o início da vara que forma o braço. 

3. em função do vigor da vara e da altura do arame ao solo, onde a vara vai dar entrada, colocam-se sempre algumas questões:

- se a melhor e às vezes a única vara, está demasiado próximo do arame de inserção (limite 20 cm) vai originar uma curvatura demasiado forçada e de pouca flexibilidade. Uma solução passa por atrasar a entrada no arame nesse ano, elegendo uma vara mais fraca para formação de nova vara vertical; caso não haja outra vara a eleger, a disponível próxima do arame dará entrada recorrendo-se a uma ligeira curvatura do próprio tronco para minimizar uma curvatura forçada.

- se a vara é suficientemente vigorosa para a extensão pretendida, isto é, para dar a curvatura no nível ideal e ainda percorrer pelo menos metade do comprimento final, são cegados os olhos situados abaixo do arame incluindo os da curvatura e concentra-se a carga toda na parte da vara horizontal assente sobre o arame. Em condições de excelente vigor, perante varas muito vigorosas, não é aconselhável a prática de deixar carga na vara do ano na vertical, cegar os olhos da curvatura, e deixar ainda carga na vara já empada na horizontal. Isto porque se corre o risco da videira só responder aos olhos da parte da vara vertical, e não ou muito fracamente, aos da parte da vara na horizontal, 'puxando atrás' como vulgarmente se diz.

fase formação braço ou cordão 

4. para uma resposta regular dos olhos deixados na vara horizontal deitada sobre o arame, é relevante a forma de atar a vara ao arame. Deste modo, não se devem poupar atilhos para que a vara fique bem estendida sobre o arame, e garantir uma curvatura harmoniosa sem formação de ângulos sendo importante o primeiro atilho suceder sempre ao primeiro olho da vara.

5. é essencial garantir a limpeza primaveril de rebentações oriundas dos olhos cegados nas curvaturas e abaixo delas, pois pelo efeito da empa verifica-se uma afluência preferencial de seiva a essas rebentações em detrimento das da carga deixada à poda. Para minimizar esta tendência há que realizar convenientemente o corte dos gomos, com a face da lâmina da tesoura mais rasa apoiada na base do olho, caso contrário, podemos eliminar o gomo principal mas não os secundários que rebentarão na falta do principal.

Pelas mesmas razões se devem manter as videiras limpas de ramos ladrões, proveniente de olhos dormentes do tronco da videira, que nesta fase correspondem à antiga vara única vertical.

Formação de cordões simples (CSA, CAR e CSR)

O vigor e a altura do tronco determinam a duração da fase de formação; assim, para um Cordão Simples Ascendente (CSA) de 1,10 m de altura, um Cordão Ascendente e Retombante (CAR) de 1,35 m de altura e um Cordão Simples Retombante (CSR) de 1,70 m de altura, têm um ponto de partida comum, isto é, um enxerto com um garfo de 2 gomos no 1º ano, donde emergem duas varas, seguindo-se a eleição da vara única que conterá entre 4 a 6 olhos, proporcional ao seu vigor.

Ao 3º ano, a vara eleita para dar entrada no arame é conseguida para as formas de condução a 1,10 m e a 1,35 m mas não para entrar a 1,70 m, pelo que neste último caso deverá ficar de novo uma vara única vertical para ganhar altura e entrar no arame no ano seguinte (4º ano).

 poda formação cordões simples

Formação de cordões sobrepostos (CSOB e LYS)

Na poda de formação de cordões sobrepostos, isto é, que têm duas alturas de tronco, é mais rápida a formação do cordão inferior e mais demorada a do cordão superior. Há pois uma fase simultânea de poda de produção do cordão estabelecido a menor altura e de poda de formação do cordão mais alto. Esta diversidade obriga a atender criteriosamente à eleição de varas em função das condições de vigor em causa, como é o caso do Cordão Sobreposto (CSOB) com alturas de tronco a 1,10 m e 2,10 m e com ambas as sebes retombantes.

poda formação cordões sobrepostos

No caso do Lys, as alturas de tronco a 1,10 m e 1,45 m, respectivamente para uma sebe retombante e outra ascendente, são as indicadas.

poda formação lys

 Dentro do possível, é aconselhável deixar sempre uma carga nas varas que se dirigem para o arame superior próxima da do cordão inferior, para não correr o risco da resposta da carga de baixo ser privilegiada. Deste modo, e no caso do Lys, é preferível formar os dois cordões ou braços em simultâneo do que em dois anos.

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