REGA
Embora tradicionalmente a vinha não seja uma cultura regada nesta região, estudos recentes demonstram que a carência hídrica constatada em algumas situações edafo-climáticas, tais como, solos declivosos, muito permeáveis e secos, afeta o desenvolvimento da superfície foliar ativa, originando senescência precoce da folhagem que se repercute na qualidade da vindima.
De facto, nos processos recentes de reestruturação da vinha nesta região, a vinha tem sido relegada para a situação de meia encosta, com maior aptidão vitícola em termos de qualidade, mas onde a carência hídrica pode ser um factor a ter em consideração aquando da instalação da vinha.
A rega gota-a-gota é a que se revela mais adequada à cultura da vinha, devendo-se optar por gotejadores com pressão compensada, de modo a assegurar um débito de água uniforme ao longo da linha.
Na decisão da rega devem perdurar critérios que tenham em conta o estado hídrico das videiras e/ou o teor em água do solo, pois o uso excessivo e desequilibrado de água de rega, além de ser um desperdício e originar lexiviação de nutrientes, pode ser prejudicial à qualidade da vindima, particularmente na fase da maturação. É conhecida que a esta qualidade, é favorável um nível de stress moderado na fase de maturação; todavia, se a carência hídrica for severa e ocorrer na fase de desenvolvimento do bago até ao pintor, a recuperação do tamanho e peso do bago pode ser irreversível mesmo após uma rega.
Segundo o 'regime hídrico normal' desta região, a vinha pode vir a ter necessidade de rega a partir da primeira quinzena de Julho (perto do pintor), mas evidentemente depende das condições climáticas do ano, do tipo de solo e extensão do sistema radicular.
Pode-se recorrer à avaliação do potencial hídrico foliar de base, para estimar o nível de stress da vinha, todavia é um método que não está ao alcance de todos, pelo que a avaliação visual validada por simples tensiómetros pode ser uma solução.
Finalmente, a qualidade da água de rega é um aspecto importante que se agudiza quando se pratica a fertirrigação. Por exemplo, água com pH superior a 6,5 leva à precipitação de Fe++, Ca++, Mg++ e PO-4 que conduzem à insolubilidade dos sais e entupimento dos gotejadores, e a adição de adubos na água aumenta a salinidade (concentração de sais e portanto da pressão osmótica da água), dificultando a sua absorção e a dos adubos.
- Saiba mais...
- Estratégias de rega para a região dos Vinhos Verdes. Apresentação de caso de estudo com a casta Vinhão. JORNADAS TÉCNICAS, EVAG. 2006.
- Desenvolvimento de um sistema inteligente de determinação das necessidades hídricas para culturas lenhosas. Doutoramento Engenharia Agronómica. ISA. 2009.