Doenças
Flavescência Dourada - Candidatus Phytoplasma vitis
A Flavescência Dourada da vinha é uma das doenças cloróticas mais graves da vinha estando incluída desde 1993 na lista de organismos de quarentena na União Europeia. É provocada por um fitoplasma que é específico da videira e se transmite por meio de um insecto vector, o cicadelídeo Scaphoideus titanus.
Para que haja multiplicação da doença, é necessária a ocorrência simultânea de cepas contaminadas com Flavescência e a presença do insecto vector. O facto das cepas atacadas poderem não manifestar os sintomas da doença logo no ano seguinte ao da contaminação, gera maior dificuldade no seu controlo e confere maior importância para a eliminação na vinha do insecto vector. Por conseguinte, se bem que a presença do insecto não determina obrigatoriamente a existência da doença deve ser um sinal de alerta, tanto mais que foram já identificados na região, vários núcleos de parcelas com videiras infectadas e insectos portadores do micoplasma da Flavescência Dourada.
O insecto inverna na forma de ovo, que são depositados pelas fêmeas na madeira velha das cepas, geralmente a partir do início do mês de Setembro. A eclosão inicia-se apenas durante o mês de Maio e ocorrem 5 estádios larvares até atingirem o estado adulto. Os primeiros adultos surgem em Julho e podem voar até meados de Setembro. O insecto adquire a doença ao alimentar-se numa videira infectada, ficando com capacidade de transmitir a doença a outra videira, passados 30 dias. A videira infectada pode evidenciar os sintomas da doença logo no ano seguinte ou até 5 anos após contaminação. Algumas videiras atacadas podem recuperar se não forem reinfectadas, mas a maioria acaba por morrer.
A Flavescência Dourada apresenta um conjunto de sintomas típicos. Os primeiros sintomas aparecem em videiras isoladas em princípios de Junho. Geralmente a doença manifesta-se nas partes aéreas da videira, por:
- Descoloração das folhas, com enrolamento para a página inferior acompanhado de amarelecimento nas castas brancas e vermelhão nas castas tintas.
- As folhas tornam-se sobrepostas umas sobre as outras, ficam duras e quebradiças
- As varas não atempam e ficam pendentes em forma de 'chorão'
- Ocorre dessecamento das inflorescências logo à floração ou emurchimento dos bagos ao pintor.
Estes sintomas podem manifestar-se em toda a cepa ou apenas num braço. A Flavescência Dourada não dispõe de meios de luta directa. A luta contra esta doença assenta na adopção de medidas profilácticas e na luta contra o insecto vector nas vinhas. A velocidade de propagação da doença depende assim do nível de inóculo e da importância da população do agente vector.
Desde que seja detectada a doença num determinado local é imprescindível estabelecer um programa de eliminação do insecto vector, para limitar a sua dispersão.
O tratamento de Inverno limita a população de ovos, mas fundamentais são os tratamentos à folhagem. O primeiro tratamento será efectuado cerca de 1 mês após o surgimento das larvas; o segundo tratamento tem lugar 1 mês após o primeiro, e o terceiro, é um tratamento de segurança contra os adultos.
Em Portugal já estão homologados doze produtos para o controlo deste insecto, havendo também substâncias activas utilizadas contra a cicadela verde que actuam também sobre a cicadela Scaphoideus titanus. Alguns desses produtos tem acção também sobre outras pragas, podendo ser utilizados com dupla finalidade, caso da traça da uva. Todavia deve ser dada prioridade ao momento oportuno para o controlo da cicadela da Flavescência, pois o alargamento da data do tratamento pode facilitar a entrada do insecto e provocar nova infecção.
Entre as medidas profiláticas a pôr em prática pelos viticultores destacam-se:
- Utilização de material vegetal são (bacelos e garfos).
- Vigilância na vinha e arranque sistemático das cepas infectadas
- Desvitalização e arranque das vinhas abandonadas
- Queima da lenha de poda, sobretudo da madeira com mais de 2 anos
A Flavescência Dourada, afecta a quantidade e a qualidade da produção, pondo em risco a curto prazo a sustentabilidade económica de qualquer exploração vitivinícola.
A confirmação da presença do insecto vector nas vinhas ou na sua vizinhança determina a obrigação da realização dos tratamentos químicos com insecticidas específicos contra o Scaphoideus titanus.
Reforça-se um aspecto importante e que deve passar a fazer parte do modo de actuar, que é a prospecção e respectiva identificação na vinha de videiras infectadas. A melhor altura para detectar a doença é a partir da fase do pintor (Agosto) até à vindima. As videiras que evidenciem sintomas de contaminação devem ser marcadas, arrancadas e queimadas até 31 de Março do ano seguinte.