Pragas
Cigarrinha verde (Empoasca vitis)
Esta praga, sendo relativamente recente na região, tem vindo a aumentar de importância nos últimos anos. Os estragos ocorrem ao nível da folha, em pleno ciclo vegetativo, no Verão, possuindo estes cicadelídeos uma armadura bucal tipo picadora-sugadora, que lhes permite destruir as folhas.
Foram identificadas três espécies, sendo na região a Empoasca vitis, a espécie predominante. Como castas sensíveis revelaram-se aquelas que apresentam mais pilosidade, caso das castas brancas Pedernã (sin.Arinto), Azal e Alvarinho e da casta tinta Vinhão.
A cigarrinha verde é polífaga, isto é, tem vários hospedeiros, e é o adulto que hiberna em plantas arbóreas, arbustivas e herbáceas, o que favorece o seu desenvolvimento e dificulta o seu controlo. Na Primavera migra para a vinha onde prolifera em várias gerações consoante a região (entre 3 a 5). Os ovos brancos são postos ao longo das nervuras principais das folhas e nos pecíolos, e as larvas quando adquirem a tonalidade amarela iniciam as picaduras; as ninfas passam por 5 instares, deslocando-se obliquamente na página inferior das folhas, e no final, passam a adultos adquirindo a cor verde deslocando-se aos saltos de folha em folha para a colocação dos ovos.
As condições favoráveis ao seu desenvolvimento são temperaturas elevadas e humidade alta, muito embora se notem diferenças consoante a espécie, nomeadamente a Empoasca vitis prefere temperaturas mais amenas que a Jacobiasca lybica, razão pela qual esta última predomina no Alentejo e Algarve.
Os sintomas mais comuns aparecem nas folhas adultas no Verão, iniciando-se a descoloração no bordo delimitada pelas nervuras e progredindo para o interior do limbo, adquirindo uma coloração amarelada nas castas brancas e avermelhada nas tintas, que evoluem para o necrosamento, secando e caindo prematuramente. Na página inferior das folhas poder-se-ão observar ninfas, exúvias esbranquiçadas e transparentes das mudas dos instares e mesmo adultos, que revelam a presença do inseto.
Se o ataque se dá no inicio da rebentação, os jovens pâmpanos ficam com as folhas terminais descoradas, enroladas para a página inferior e de margens secas mais ou menos intensamente, os entre-nós ficam curtos e aparecem rebentações antecipadas. Muita desta sintomatologia pode ser confundida com a provocada pela esca, ácaros, vírus do enrolamento, carências de potássio e boro e fitotoxidade de fungicidas cúpricos.
Os estragos são previsíveis perante este tipo de ataque, pois se as folhas são destruídas da sua capacidade fotossintética numa fase crucial do desenvolvimento e da evolução da maturação, as consequências traduzem-se em prejuízos graves de enfraquecimento de cepas, de redução da taxa de açúcares e de dificuldade de atempamento das varas.
Como os estragos são causados principalmente pelas populações larvares, é sobre estas que incidem os tratamentos. Normalmente as cigarrinhas apresentam 3 a 4 gerações por ano, sendo sobretudo nefastas as últimas gerações.
A racionalização do seu combate obriga portanto, tal como para os aranhiços, a efetuar controlos visuais sobre as folhas sobretudo em dois momentos importantes: à floração e ao início do pintor. Cada controlo é efectuado sobre 100 folhas do meio da folhagem, 1 por cepa, e observando a presença de ninfas. O nível económico de ataque estabelecido é de: 100 ninfas em 100 folhas à floração e de 50 ninfas em 100 folhas ao início do pintor. Todavia, poderá ser variável em função do regime hídrico do solo e sensibilidade da casta.
A intervenção, caso seja necessária, terá de efectuar-se com um insecticida homologado, podendo o tratamento coincidir ou não com o tratamento contra a traça da uva ou contra o Scaphoideus titanus.